Estou indo embora.
É de conhecimento de alguns que a algum tempo eu estou me preparando para sair de casa. E já que pra mim seria um belo desafio sair de casa eu resolvi torna-lo ainda maior: sair também do pais.
Eu fiz essa escolha por uma grande quantidade de questões que vão desde o aspectos profissionais até pessoais. Fica mais fácil pra mim dizer que eu não estou indo por não amar meu paÃs, amar minha famÃlia ou amar meus amigos. A quase um ano eu tenho me empenhado muito nisso, batalhei um bocado, comi minha fatia no tal pão-que-o-diabo-amassou, me privei de muitas coisas e tive que fazer minhas escolhas e colher suas conseqüências. Isso é a vida, fazer escolhas.
Durante essa preparação houveram algumas alterações nos meus planos. Inicialmente eu iria pra Bélgica. Então eu recebi uma proposta muito boa mas eu recebi uma proposta muito boa para trabalhar na capital dos Estados Unidos, Washington DC. Vou trabalhar no BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento). Isso por si só já seria muito legal mas é também um projeto na área do meio ambiente, uma rede social de ligada ao mercado de créditos de carbono como espaço para troca de conhecimentos e informações. Eu estou na equipe que vai viabilizar tecnicamente essa rede. É muito gratificante saber que eu vou trabalhar num projeto que vai colaborar na preservação do planeta.
Você pode estar perguntando como isso aconteceu. Eu posso adiantar uma comentários acerca de uma realidade que eu tenho percebido a algum tempo. O sucesso é feito de competência e sorte. Dessa vez fui eu o cara certo, na hora certa no lugar certo. Isso explica mais ou menos a coisa toda.
Já se foram quase dois meses planejando tudo, saindo do meu antigo emprego, resolvendo muita papelada, tirando todos os documentos (eu perdi quase todos os documentos que se pode imaginar quando eu estava na europa ano passado). Estou chegando aos últimos passos antes do salto de paraquedas. Estive em BrasÃlia me apresentando na embaixada dos Estados Unidos para as questões relativas ao visto americano. Felizmente é um tipo de visto (G-4) concedido para organizações internacionais como o BID que facilitou muito o processo pra mim. São muitos detalhes para uma mudança como essa já que estou indo sem previsão de quando voltar. Moradia, seguro de saúde, passagem, transporte, moeda, milhares de documentos… mas o mais difÃcil talvez seja confrontar essa mala e colocar toda minha vida (material) lá dentro. A idéia é levar um punhado de roupas, uns remédios, umas lembranças e o resto eu reponho por lá. A tranqüilidade vem de saber que as coisas realmente importantes não se pode tocar nem por numa mala.
Agora me restam só alguns dias em Fortaleza mas pra falar a verdade minha despedida já começou a muito tempo atrás. Muitos amigos transformaram esses últimos meses não só numa despedida incrÃvel e em muita experiência. Levo isso também na bagagem, boas lembranças e saudades.
Vai ser a minha oportunidade de (re)começar. De melhorar meu inglês e aprender espanhol. Aprender a me virar completamente sozinho. Ralar uma grana pro mestrado. Mergulhar numa outra cultura e outro mundo. Cultivar novas amizades. Viajar. Crescer.