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Tag: EUA

um brinde

Um bom motivo pra tomar uma hoje: há exatos 80 anos atrás era descriminalizado o consumo de álcool nos Estados Unidos.

É bem verdade que a descriminalização não eliminou os efeitos do abuso do álcool. Por outro lado conseguiu o que o que todo o aparato policial, jurídico e carcerário não conseguiu, acabar com os traficantes. O calcanhar de aquiles do crime organizado era justamente a economia. A mesma proibição que tentava inocuamente lhes destruir também lhes dava na prática um monopólio garantido pelo Estado. A sociedade escolheu devolver ao indivíduo a liberdade de fazer o bem ou o mal a si próprio (por exemplo, o alcoolismo) e criminalizar apenas a possibilidade de fazer mal ao próximo (por exemplo, dirigir alcoolizado). Admitiu-se o que hoje nos soa como óbvio: os males do consumo recreativo de álcool são muito inferiores aos males da proibição em si.

Eastern State Penitentiary, Philadelphia, Pennsylvania.
Replica da cela de Al Capone na Eastern State Penitentiary, Philadelphia, Pennsylvania. CC-BY-SA.

Um brinde, com a bebida alcoólica de sua escolha, preferencialmente não clandestina, produzida dentro de parâmetros de qualidade definidos pela sociedade, obtido em uma transação devidamente tributada pelo Estado, consumida por um adulto e de maneira responsável.

Saúde!

fazendo as malas

Estou indo embora.

É de conhecimento de alguns que a algum tempo eu estou me preparando para sair de casa. E já que pra mim seria um belo desafio sair de casa eu resolvi torna-lo ainda maior: sair também do pais.

Eu fiz essa escolha por uma grande quantidade de questões que vão desde o aspectos profissionais até pessoais. Fica mais fácil pra mim dizer que eu não estou indo por não amar meu país, amar minha família ou amar meus amigos. A quase um ano eu tenho me empenhado muito nisso, batalhei um bocado, comi minha fatia no tal pão-que-o-diabo-amassou, me privei de muitas coisas e tive que fazer minhas escolhas e colher suas conseqüências. Isso é a vida, fazer escolhas.

Durante essa preparação houveram algumas alterações nos meus planos. Inicialmente eu iria pra Bélgica. Então eu recebi uma proposta muito boa mas eu recebi uma proposta muito boa para trabalhar na capital dos Estados Unidos, Washington DC. Vou trabalhar no BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento). Isso por si só já seria muito legal mas é também um projeto na área do meio ambiente, uma rede social de ligada ao mercado de  créditos de carbono como espaço para troca de conhecimentos e informações. Eu estou na equipe que vai viabilizar tecnicamente essa rede. É muito gratificante saber que eu vou trabalhar num projeto que vai colaborar na preservação do planeta.

Você pode estar perguntando como isso aconteceu. Eu posso adiantar uma comentários acerca de uma realidade que eu tenho percebido a algum tempo. O sucesso é feito de competência e sorte. Dessa vez fui eu o cara certo, na hora certa no lugar certo. Isso explica mais ou menos a coisa toda.

Já se foram quase dois meses planejando tudo, saindo do meu antigo emprego, resolvendo muita papelada, tirando todos os documentos (eu perdi quase todos os documentos que se pode imaginar quando eu estava na europa ano passado). Estou chegando aos últimos passos antes do salto de paraquedas. Estive em Brasília me apresentando na embaixada dos Estados Unidos para as questões relativas ao visto americano. Felizmente é um tipo de visto (G-4) concedido para organizações internacionais como o BID que facilitou muito o processo pra mim. São muitos detalhes para uma mudança como essa já que estou indo sem previsão de quando voltar. Moradia, seguro de saúde, passagem, transporte, moeda, milhares de documentos… mas o mais difícil talvez seja confrontar essa mala e colocar toda minha vida (material) lá dentro. A idéia é levar um punhado de roupas, uns remédios, umas lembranças e o resto eu reponho por lá. A tranqüilidade vem de saber que as coisas realmente importantes não se pode tocar nem por numa mala.

Agora me restam só alguns dias em Fortaleza mas pra falar a verdade minha despedida já começou a muito tempo atrás. Muitos amigos transformaram esses últimos meses não só numa despedida incrível e em muita experiência. Levo isso também na bagagem, boas lembranças e saudades.

Vai ser a minha oportunidade de (re)começar. De melhorar meu inglês e aprender espanhol. Aprender a me virar completamente sozinho. Ralar uma grana pro mestrado. Mergulhar numa outra cultura e outro mundo. Cultivar novas amizades. Viajar. Crescer.